sexta-feira, 27 de setembro de 2013

La vittesse

A vida passa aqui em Paris

Bem diante dos nossos olhos

Diante das ruas que a gente passa de bicicleta

Diante das chaminés, dos cafés,

Diante da torre, diante do rio,

Ela passa

E Se a vida passa assim diante dos nossos olhos,

Se é assim: então a gente tem que parar e pensar na fortuna que é estar aqui

Estar aqui em Paris, durões, contando moedas e contando chaminés

Uma fortuna contar moedas em Paris


E eu, particularmente,

(Na velocidade desses dias de hoje, apud a crítica do filósofo acerca desses dias de hoje – dias em que você pára e reflete e pensa esse mundo).

Eu, particularmente, tenho o maior dos tesouros.

domingo, 15 de setembro de 2013

Um mês


Há um mês, embarcamos em Guarulhos para nos aventurarmos no velho mundo. Muitas expectativas, muitos preparativos, muitos estímulos e apoios!

 


Cá estamos, vendo a cidade se despedir do verão, o final das férias e o início dos trabalhos. 

A cidade é realmente linda, cheia de cantos pitorescos, surpresas históricas e bonitezas de vários tipos. 

Com a chegada do frio, entendemos porque vimos tanta gente esticada nos jardins e parques a todo momento nos dias de sol. Porque tantas refeições e leituras ao ar livre, grupos sentados e crianças correndo na grama, realmente qualquer grama que se via pela frente, embaixo do sol.

A Cité Universitaire é um grande parque cheio de bonitos prédios (chamados de Maisons), de vários estilos arquitetônicos, alguns assinados por nomes famosos, onde moram cerca de 5 mil estudantes. Universitários, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos de várias partes do mundo. Há aqui uma bonita biblioteca, alguns restaurantes e cafés, quadras esportivas e um piscina interna no porão do prédio central, que ainda não conhecemos. Muita gente, correndo e fazendo exercício o dia todo, meio como na USP. 

Há alguns cursos de lingua, alguns ateliês para artistas, salões para encontros (que alugam para eventos externos também) e um centro de estudo de linguas, onde é possível participar de grupos de conversação em francês (eu tenho participado, são bem interessantes). 

Aqui não é uma universidade, mas um grande condomínio de moradia para estudantes estrangeiros, fundado no começo do século, no qual os respectivos países construíram, em parceria com a Université de Paris, suas Maisons. Estas acolhem 70% de estudantes da própria nacionalidade e 30% de outras, para estimular o intercâmbio. 

Maison du Brésil é cheia de brasileiros, e a lingua oficial é o português, o que tem reduzido um pouco nossa vivência da língua local, mas são todos acolhedores e atenciosos. Além disso, há uma moça, Jane, que recolhe nosso lixo diariamente, "faire la menage" semanalmente, e "change les draps" quinzenalmente. Ela é muito atenciosa e simpática, sempre fala "bon jour" com uma sonoridade que parece um canto. Ela é do Togo, na Africa Central, como muitos que conseguiram vir tentar a vida na Europa. A língua oficial de Togo é o francês, mas o país foi uma colônia alemã, e segundo Jane, foi formada pela "mesma gente" do Senegal e de Mali (entendi que ela se referiu ao grupo étnico).

Nessa mensagem contamos um pouco da experiência de viver na Cité. Vamos ver os temas para as próximas! 

Obs. Comemoramos 1 mês em Paris em um restaurante tibetano no Quartier Latin, muito gostoso. 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013


Alguns dias sem muito tempo pra escrever. Ela corre, eu corro.

Então vão algumas fotos, que compuseram quadros interessantes da cidade. Agora que está meio chuvoso ainda assim as cores são expressivas, e tiramos fotos todos os dias. Depois colocamos mais.





domingo, 1 de setembro de 2013

Espanha


Já há vários dias sem escrever nada por aqui, vamos a algumas imagens e impressões:

Uma semana na Espanha, na foto Madri, Plaza Mayor

Segovia, na Espanha, é um lugar encantador. Fomos na semana passada visitar a Fabi e o Beto, e fizemos uma viagem curta - dois dias - indo a Segovia e Valsain, na Sierra Madrileña, uns 100 km de Madri.



Além das observações protocolares, quais sejam:

o Alcázar, erguido pelos mouros e depois tomado pelos espanhóis.

o bairro judeu,
não provamos o tal do cochinillo, porquinho "de leite", feito apenas com água e sal.

Segovia tem esse monumento, o aqueduto romano, de 2 mil anos. Num dia espetacular como o que vivemos, com o céu completamente azul e uma luz bacana, saem essas imagens, mesmo que eu não seja verdadeiramente fotógrafo:



Fomos ainda a Valsain, cidade com cerca de 14 habitantes, contando nós quatro, que alugamos dois quartos de um hotel (lotação quase esgotada) e passamos uma noite no lugar. O pueblo (que na verdade tem uns 2 mil habitantes) fica num lugar com uma porção de pradarias, muito verdes no verão (note-se nas fotos a seguir) e que no inverno brabo, segundo informam a Fabi e o Beto, devem mudar bastante. Eu gostaria de ver.
Bom, isso foi na semana passada. Depois vimos outras coisas, mas contamos nos próximos dias.







sábado, 17 de agosto de 2013

“Que tal você começar escrevendo ‘meia noite em Paris’?”


Meia-noite de sexta-feira, boulevard Jourdan, 14º arrondissement. É difícil, supomos (ainda estamos por aqui no campo da suposição, já que só completamos por enquanto cinco dias de viagem – e por enquanto a viagem é quase ainda um tempo de turista), escrever sobre VIVER EM PARIS e não soar pedante. (Supomos também que ao cabo do primeiro mês – com os gastos na ponta do lápis se tornando realidade – poderemos ter o real quadro do que é viver nessa cidade).

Jardins de Luxemburgo: muito quente

É evidente, entretanto, que a vida aqui é diferente em muitos sentidos. Em todo lugar por onde passamos, até agora, havia algo o que ver, onde ou porque parar em silêncio e observar. Das avenidas com os prédios e suas chaminés que remetem à época em que a calefação era à lenha, ao verde por toda a parte, à integração da cidade com o rio Sena, ao estímulo à vida na rua, ao uso do transporte coletivo e etc. (à parte, é claro, todas as belezas óbvias: o Louvre, a Notre Dame, a torre e etc e tal).

Uma coisa que chamou atenção foi a relação das pessoas com os parques e a leitura. Em todo parque há uma multidão de cidadãos tomando sol e lendo. Obviamente há aqueles que vão somente para tomar sol, mas o volume de leitores é muito grande.

“Baita clichê!”, alguém vai gritar. É um clichê considerável dizer que o europeu deita na grama do parque no verão e fica lendo ou fazendo piquenique. Vimos isso nos jardins de Luxemburgo, um conjunto anexo ao palácio do mesmo nome construído no século XVII; no jardim das Tulherias, parte do palácio de Catherina de Medici, “rainha consorte da França” no século XVI; no parque Montsouris, aqui ao lado da cite universitaire e em outros lugares. Em Paris a coisa parece mesmo séria.

Conversando com um jornalista brasileiro por aqui, casado com uma estrangeira, ele nos conta que se impressiona sinceramente com os próprios filhos: “nos seus nove ou dez anos, eles já adquiriram uma cultura e uma curiosidade sobre conhecer as coisas que eu não tinha nessa idade e fui ganhar muito depois”.


Não achamos que viver o dia a dia aqui para a imensa maioria das pessoas (que não sejam por exemplo um casal de estudantes com relativa tranquilidade) seja exatamente um sonho, que a França seja ideal, que não existam inúmeras questões (derivadas hoje, por exemplo, da austeridade de governos que assola a Europa e que tem neste país um exemplo muito forte, mesmo existindo aqui um governo de esquerda) ou coisa parecida (até porque, voltemos ao começo desse texto, nem estamos aqui há tempo suficiente), mas... est baise!

***

A cidade não tem somente um sistema de aluguel de bicicletas que permite que você ande pra lá e pra cá o dia todo pagando quase nada. Tem também um sistema de EMPRÉSTIMO DE CARROS ELÉTRICOS. Quando na “Zona 1”, você pega o carro em um lugar, onde ele fica amarrado com uma corrente, e entrega em outro. São uns carrinhos elétricos engraçados, cinza, Autolib (a bicicleta é Velib).

Obviamente estão concentrados nas zonas próximas ao centro, ao quartier latin (o “zero” de Paris), e não nas periferias (isso não deveria ser assim, obviamente).



Especulamos sobre empréstimo de carros: já que a prefeitura (“mairie” de Paris) não pretende, por óbvio, botar carros pra rodar na rua e gerar tráfego, porque emprestaria carros pra quem vive por aqui? Uma possibilidade é que o sujeito que use a bicicleta pública e o metrô no seu dia a dia e eventualmente precise transportar algo não vá querer entrar no metrô carregando uma escada ou um criado-mudo. Aí então ele PEGA EMPRESTADO o carrinho cinza e faz o transporte. Outra possibilidade é permitir que as pessoas deem umas bandas até a alta madrugada ou em cantos mais distantes da cidade. Vamos averiguar. Ou não.

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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Tivemos dois dias em Paris.

Ela, que já passou por aqui em outras curvas da vida, teve os olhos brilhando de um jeito que ainda não conhecia, algumas vezes. Vão brilhar mais, sim. Todos os dias.

Ela ficou desse jeito, por exemplo, quando paramos ontem à noite em frente à Notre Dame.

A catedral tem tanto detalhe e tanto a se admirar, que parece não atrair muitos daqueles desenhistas com cadernos, sempre presentes em locais turísticos. Desenhar a catedral de Notre Dame não deve ser para principiante.

A igreja foi construída há 850 anos e para celebrar, a Prefeitura armou um tablado feio de madeira, pintado de azul, grande, com uma arquibancada. A tal construção tenta muito, mas não consegue arruinar o ambiente de beleza que se cria à volta da catedral, na ilha no rio Sena. Tem lugares, cenários e coisas (e levando adiante o raciocínio: sensações e perspectivas e ideias), que não tem por onde estragar. E Paris parece que está repleta desses elementos. Bom, essa é minha sensação em dois dias, resumidamente.  Devenir réalite, le texte.



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Andando de bicicleta hoje por aqui, me lembrei de quando eu aprendi a pedalar.

A marcha nos paralelepípedos da rua Bauru era quase a mesma dessa terça-feira. A bicicleta também. 

*crédito para o Gabriel, que sugeriu essa música do Itamar Assumpção.

terça-feira, 23 de julho de 2013

um bom poema leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
 













não ainda um bom poema
parisiense torre eiffeano
mas aqui enquanto isso
vamos testando essa
forma de contato
com ubatuba
com osasco
com SP
contudo

é agora por enquanto
só para ir checando o que
a quantas anda cortando
ao meio o paulo leminski